jueves, 8 de octubre de 2015

Irmã Lúcia: "O confronto final entre o Senhor e o reino de Satanás será sobre a família e sobre o matrimónio"


Irmã Lúcia
1907-2005
Vidente das Aparições de Nossa Senhora de Fátima


Irmã Lúcia, em 1946


“O confronto final entre o Senhor e o reino de Satanás
será sobre a família e sobre o matrimónio.”


Numa entrevista concedida a La voce di Padre Pio em Março de 2015, o Cardeal Carlo Cafarra conta que escreveu uma carta à Irmã Lúcia a pedir orações. Naquela época, João Paulo II tinha-lhe confiado a tarefa de fundar o Instituto Pontifício para os Estudos sobre Matrimónio e Família, do qual é hoje professor emérito.

«No início desse trabalho que me foi confiado pelo Servo de Deus João Paulo II, —explica Cafarra— escrevi à Irmã Lúcia, por meio do bispo, porque não era permitido fazê-lo directamente. Inexplicavelmente, ainda que eu não esperasse uma resposta, porque só lhe pedia orações pelo projecto, depois de poucos dias recebi uma longa carta de punho e letra dela, carta esta que se encontra actualmente nos arquivos do Instituto; nela encontra-se escrito:
“O confronto final entre o Senhor e o reino de Satanás será sobre a família e sobre o matrimónio. Não tenha medo —acrescentava— porque quem trabalha pela santidade do matrimónio e da família será sempre combatido e odiado de todas as formas, porque este é o ponto decisivo.” E depois concluía: “mas Nossa Senhora já lhe esmagou a cabeça.”
Advertia-se também, falando com João Paulo II, que este era o ponto central, porque se tocava a coluna que sustenta a Criação, a verdade sobre a relação entre o homem e a mulher, e entre as gerações. Se se toca a coluna central, todo o edifício cai, e é isso que estamos a ver agora, porque estamos neste momento, e sabemos.»




Dois breves apontamentos sobre o significado da Aliança Matrimonial
e a sua centralidade no plano divino de Deus Criador


1. No ritual do Sacramento do Matrimónio, podemos ler a oração que o sacerdote dirige a Deus no Prefacio nº 3: “O matrimónio, sinal da caridade divina”.

Na vossa bondade criastes o género humano
e o elevastes a tão grande dignidade
que na união nupcial do homem e da mulher
imprimistes a imagem viva do vosso amor.
Por amor lhe destes a existência
e o chamais incessantemente à lei do amor,
para que se torne participante do vosso amor eterno
e, neste mistério admirável,
o sacramento que consagra o amor humano
seja sinal e penhor do vosso amor divino.

Deus Todo-poderoso, fonte de todo amor e bondade, criou o homem à Sua imagem e semelhança. Ora, Deus quis também que o lugar da criação onde se manifestasse mais plenamente o amor que as Três Divinas Pessoas (o Pai, o Filho e o Espírito Santo) vivem entre Elas, fosse o amor humano e, especificamente, como imagem do Amor intra-trinitario, o amor conjugal, o amor homem-mulher. De facto, a Sagrada Teologia ensina que Deus Pai gera o Seu Filho desde Si mesmo, da Sua própria substancia (consubstancialiter); e do amor dos Dois procede a Terceira Pessoa Divina, o Espírito Santo.
Esta forma “lógica” de descrever o amor intra-trinitario (o amor que se dá dentro da Santíssima Trindade) pode ajudar-nos a entender aquela imagem do Amor Divino na Criação: o amor homem-mulher. Assim, o ser humano, criado homem ou mulher, não é senão figura, na criação, do amor das Três Divinas Pessoas. De facto, da comunhão amorosa dos esposos (comunhão espiritual e corporal) resulta a sobre abundância de uma nova vida, de uma nova pessoa, de um novo homem plasmado por Deus no seio materno, à imagem e semelhança do Seu Filho Eterno.



2. No Prefacio nº 2: “Grande sacramento em Cristo e na Igreja”, do ritual do Sacramento do Matrimónio, lê-se a seguinte oração que o sacerdote dirige a Deus.

Vós firmastes a nova aliança com o vosso povo,
para que, pelo mistério redentor
da morte e ressurreição de Cristo,
se tornasse participante da natureza divina
e com Ele herdeiro da glória celeste.
Como sinal da admirável riqueza espiritual desta aliança,
estabelecestes o vínculo santo do matrimónio,
para que o sacramento nupcial
nos revele o mistério inefável do vosso amor.

A união matrimonial homem e mulher, o seu amor conjugal, é também imagem de relação de Cristo com o homem (género humano), é imagem da união de Cristo com a Sua Igreja.
Cristo assume em si o género humano, porque o homem está plasmado à imagem e semelhança Sua (cf. Rom 5,14). Por isso Ele é Cabeça do corpo, que é a Igreja (cf. Col 1,15). Assim, na assunção da natureza humana por parte da Pessoa Divina do Verbo —Jesus Cristo— Ele comunica ao género humano a Sua Vida Divina, caracterizadas pela imortalidade e a incorrupção. De facto, São Ireneo de Lyon, lendo a figura nupcial entre Cristo e a Igreja, presente no livro do Apocalipse 21,1-4, identifica como “esposa” a imortalidade, a imortalidade de Cristo, que um dia virá sobre o homem, para que seja imerso na eternidade da vida e amor divinos.
De tudo isto é imagem o amor nupcial entre o homem e a mulher.






A entrevista ao Cardeal Carlo Cafarra in La voce del Padre Pio (Março, 2015).
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