Irmã Lúcia
1907-2005
Vidente
das Aparições de Nossa Senhora de Fátima
“O
confronto final entre o Senhor e o reino de Satanás
será
sobre a família e sobre o matrimónio.”
Numa entrevista concedida a La voce di Padre Pio
em Março de 2015, o Cardeal Carlo Cafarra conta que escreveu uma carta à Irmã
Lúcia a pedir orações. Naquela época, João Paulo II tinha-lhe confiado a tarefa
de fundar o Instituto Pontifício para os Estudos sobre Matrimónio e Família, do
qual é hoje professor emérito.
«No início desse trabalho que me foi confiado pelo Servo
de Deus João Paulo II, —explica Cafarra— escrevi à Irmã Lúcia, por meio do
bispo, porque não era permitido fazê-lo directamente. Inexplicavelmente, ainda
que eu não esperasse uma resposta, porque só lhe pedia orações pelo projecto,
depois de poucos dias recebi uma longa carta de punho e letra dela, carta esta
que se encontra actualmente nos arquivos do Instituto; nela encontra-se
escrito:
“O confronto final entre o Senhor e o reino de Satanás
será sobre a família e sobre o matrimónio. Não tenha medo —acrescentava— porque
quem trabalha pela santidade do matrimónio e da família será sempre combatido e
odiado de todas as formas, porque este é o ponto decisivo.” E depois concluía:
“mas Nossa Senhora já lhe esmagou a cabeça.”
Advertia-se também, falando com João Paulo II, que este
era o ponto central, porque se tocava a coluna que sustenta a Criação, a
verdade sobre a relação entre o homem e a mulher, e entre as gerações. Se se
toca a coluna central, todo o edifício cai, e é isso que estamos a ver agora,
porque estamos neste momento, e sabemos.»
Dois breves apontamentos sobre o significado da Aliança
Matrimonial
e a sua centralidade no plano divino de Deus Criador
1. No ritual
do Sacramento do Matrimónio, podemos ler a oração que o sacerdote dirige a Deus
no Prefacio nº 3: “O matrimónio, sinal da caridade divina”.
“Na
vossa bondade criastes o género humano
e o elevastes a tão grande dignidade
que na união nupcial do homem e da mulher
imprimistes a imagem viva do vosso amor.
Por amor lhe destes a existência
e o chamais incessantemente à lei do amor,
para que se torne participante do vosso amor eterno
e, neste mistério admirável,
o sacramento que consagra o amor humano
seja sinal e penhor do vosso amor divino.”
Deus Todo-poderoso, fonte de todo amor e bondade, criou o
homem à Sua imagem e semelhança. Ora, Deus quis também que o lugar da criação
onde se manifestasse mais plenamente o amor que as Três Divinas Pessoas (o Pai,
o Filho e o Espírito Santo) vivem entre Elas, fosse o amor humano e,
especificamente, como imagem do Amor intra-trinitario, o amor conjugal, o amor
homem-mulher. De facto, a Sagrada Teologia ensina que Deus Pai gera o Seu Filho
desde Si mesmo, da Sua própria substancia (consubstancialiter);
e do amor dos Dois procede a Terceira Pessoa Divina, o Espírito Santo.
Esta forma “lógica” de descrever o amor intra-trinitario
(o amor que se dá dentro da Santíssima Trindade) pode ajudar-nos a entender
aquela imagem do Amor Divino na Criação: o amor homem-mulher. Assim, o ser
humano, criado homem ou mulher, não é senão figura, na criação, do amor das
Três Divinas Pessoas. De facto, da comunhão amorosa dos esposos (comunhão
espiritual e corporal) resulta a sobre abundância de uma nova vida, de uma nova
pessoa, de um novo homem plasmado por Deus no seio materno, à imagem e
semelhança do Seu Filho Eterno.
2. No
Prefacio nº 2: “Grande sacramento em Cristo e na Igreja”, do ritual do
Sacramento do Matrimónio, lê-se a seguinte oração que o sacerdote dirige a
Deus.
“Vós firmastes a
nova aliança com o vosso povo,
para que, pelo
mistério redentor
da morte e
ressurreição de Cristo,
se tornasse
participante da natureza divina
e com Ele herdeiro
da glória celeste.
Como sinal da
admirável riqueza espiritual desta aliança,
estabelecestes o
vínculo santo do matrimónio,
para que o
sacramento nupcial
nos revele o
mistério inefável do vosso amor.”
A união matrimonial homem e mulher, o seu amor conjugal,
é também imagem de relação de Cristo com o homem (género humano), é imagem da
união de Cristo com a Sua Igreja.
Cristo assume em si o género humano, porque o homem está
plasmado à imagem e semelhança Sua (cf. Rom 5,14). Por isso Ele é Cabeça do
corpo, que é a Igreja (cf. Col 1,15). Assim, na assunção da natureza humana por
parte da Pessoa Divina do Verbo —Jesus Cristo— Ele comunica ao género humano a
Sua Vida Divina, caracterizadas pela imortalidade e a incorrupção. De facto,
São Ireneo de Lyon, lendo a figura nupcial entre Cristo e a Igreja, presente no
livro do Apocalipse 21,1-4, identifica como “esposa” a imortalidade, a
imortalidade de Cristo, que um dia virá sobre o homem, para que seja imerso na
eternidade da vida e amor divinos.
De tudo isto é imagem o amor nupcial entre o homem e a
mulher.
A entrevista ao Cardeal Carlo Cafarra in La voce del Padre Pio (Março, 2015).
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