domingo, 10 de enero de 2016

São Luis Maria Grignon de Montfort - "Os Apóstolos dos Últimos Tempos"

São Luís-Maria Grignion de Montfort
(1673–1716)

Canonizado pelo Pp. Pio XII em 1947






“Os Apóstolos dos Últimos Tempos”
(Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, Nos 55-59)



II. Os Apóstolos dos Últimos Tempos
55. Enfim, Deus quer que sua Mãe seja hoje mais conhecida, mais amada e mais honrada do que nunca. Isso acontecerá, sem dúvida, se os predestinados entrarem, com a graça e a luz do Espírito Santo, na prática interior e perfeita que seguidamente lhes descobrirei. Verão então, com tanta claridade quanto a fé lhes permitir, a formosa estrela do mar, e, se obedecerem às suas directivas, chegarão a bom porto apesar das tempestades e dos piratas. Conhecerão as grandezas desta soberana e devotar-se-ão inteiramente ao seu serviço, como Seus súbditos e Seus escravos de amor. Experimentarão as suas doçuras e bondades maternais, e amar-lhe-ão ternamente, como Seus filhos muito queridos. Conhecerão as misericórdias de que Ela é cheia, e sentirão a necessidade que têm do seu socorro. Recorrerão sempre a Ela, em todas as coisas, como sua querida advogada e medianeira junto de Jesus Cristo. Compreenderão que Ela é o meio mais fácil, mais curto, mais perfeito para irem a Jesus, e a Ela se entregarão de corpo e alma, sem reservas, para do mesmo modo pertencerem a Jesus Cristo.

56. Mas quem serão esses servos, escravos e filhos de Maria?
Serão “ministros do Senhor” (Hb 1, 7; Sl 103, 4) que, qual fogo crepitante, levarão a toda parte as chamas do Amor Divino. Serão “setas na mão do Poderoso” (Sl 126, 4), flechas agudas nas mãos poderosas de Maria para trespassarem os seus inimigos. Serão “filhos de Levi” (Ml 3, 3), bem purificados no fogo das grandes tribulações, bem apegados a Deus, que tra- rão o Ouro do Amor em seus corações, o incenso da oração no espírito, e a mirra da mortificação no corpo. Serão por toda parte o “bom odor de Jesus Cristo”: odor de vida para os pobres, os pequenos e os humildes; odor de morte para os grandes, os ricos e orgulhosos mundanos (2 Cor 2, 15-16).

57. Serão “nuvens trovejantes” ( Mc 3, 17; Sl 103, 7), que voarão pelos ares ao menor sopro do Espírito Santo. E, sem se apegarem a coisa alguma, nem se admirarem ou inquietarem, espalharão a chuva da Palavra de Deus e da Vida Eterna. Bradarão contra o pecado, clamarão contra o mundo, fulminarão o demónio e seus adeptos. Atravessarão de lado a lado, para a vida ou para a morte, com a espada de dois gumes da Palavra de Deus (Ef 6, 17; Hb 4, 12), todos aqueles a quem forem enviados da parte do Altíssimo.

58. Serão verdadeiros apóstolos dos últimos tempos, a quem o Senhor das virtudes dará a palavra e a força para operar maravilhas e arrebatar gloriosos despojos ao inimigo. Dormirão sem ouro nem prata e, o que é mais, sem cuidados, no meio dos outros sacerdotes eclesiásticos e clérigos (Sl 67, 14). Terão, no entanto, as asas prateadas da pomba, para irem, com a recta intenção da glória de Deus e da salvação das almas, aonde o Espírito Santo os chamar. Deixarão após si, nos lugares onde tiverem pregado, o ouro da caridade, que é o cumprimento de toda a Lei (Rm 13, 10).

59. Sabemos, enfim, que serão os verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, que seguirão as pegadas da sua pobreza, humildade, desprezo do mundo e caridade. Ensinarão o estreito caminho de Deus na pura verdade, segundo o Santo Evangelho e não segundo as máximas do mundo, sem se colocar em inquietação nem fazer acepção de pessoas, sem poupar, escutar ou temer nenhum mortal, por poderoso que seja.
Terão nos lábios a espada de dois gumes, que é a Palavra de Deus; trarão aos ombros o estandarte sangrento da Cruz, o crucifixo na mão direita, o Rosário na esquerda, os sagrados nomes de Jesus e Maria no coração, e a modéstia e mortificação de Jesus Cristo em toda a sua conduta. Eis os grandes homens que hão de vir, mas que Maria suscitará por ordem do Altíssimo, para estender o seu Império sobre o dos ímpios, idólatras e maometanos. Quando e como acontecerá isto?... Só Deus o sabe. Quanto a nós, apenas nos compete calar, rezar, suspirar e esperar: “Esperei ansiosamente o Senhor” (Sl 39, 2).





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